Circulação e uso de dados em territórios periféricos: possibilidades e limites na transformação urbana
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202526Palabras clave:
Participação social, Território e territorialidades, Planejamento urbano, Urbanização, Produção e circulação de dados, Transformações urbanasResumen
Este artigo visa contribuir com o debate sobre a produção e circulação de dados referentes a territórios periféricos, em particular favelas e ocupações, buscando superar a frequente marginalização epistemológica dos seus cidadãos e explorar o potencial de tais dados para produzir transformações no âmbito local. Ele almeja responder à seguinte pergunta de pesquisa: quais são as possibilidades e os limites de um processo de produção, circulação e uso de dados em territórios periféricos? O trabalho foi desenvolvido a partir de um prisma decolonial e de uma metodologia de pesquisa-ação participativa, envolvendo moradoras de um território periférico e pesquisadores universitários. Os dados trabalhados derivam da análise de documentos oficiais, da legislação, de relatórios, de entrevistas semiestruturadas com atores-chave e de relatos de atividades como oficinas, assembleias e reuniões. Os resultados indicam que o processo de produção, circulação e uso de dados contribuiu para gerar informações e conhecimentos que não existiam previamente e fortalecer a mobilização e o agir político comunitário, bem como a articulação entre moradores e o governo municipal, o que resultou na inserção de algumas demandas comunitárias na agenda do governo municipal e em melhorias urbanas no território. Além disso, a participação ativa das moradoras enquanto pesquisadoras e o uso de instrumentos de pesquisa que propiciam horizontalidade contribuíram para potencializar o projeto, ainda que tenha havido dificuldades na aplicação de alguns instrumentos tecnológicos de pesquisa.
Descargas
Citas
ALBUQUERQUE, J. P. de; ALMEIDA, A. A. Modes of Engagement: Reframing “Sensing” and Data Generation in Citizen Science for Empowering Relationships. In: DAVIES, T.; MAH, A. Toxic Truths: Environmental Justice and Citizen Science in a Post-Truth Age. Manchester, England: Manchester University Press, 2020.
ALBUQUERQUE, J. P. de et al. Dialogic Data Innovations for Sustainability Transformations and Flood Resilience: The Case for Waterproofing Data. Global Environmental Change, n. 82, Jul. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.2139/ssrn.4240075. Acesso em: 29 mar. 2025.
BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11 (Ações afirmativas), p. 89-117, mai.-ago. 2013.
BAQUERO, O.; PEÇANHA, É. (Orgs.). Comunidades e famílias multiespécies: aportes à saúde única em periferias. 1. ed. São Paulo: Amavisse, 2021.
BARTHOLL, T. Territórios de resistência e movimentos sociais de base: uma investigação militante em favelas cariocas. 2016. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.
BIDERMAN, C.; MENDONÇA, M. M. de; MELLO, P. A. S.; OSHIRO, C. H.; FODITSCH, N. Big Data for Sustainable Urban Development: Creating Evidence-based Urban Public Policies. [S.l.], Inter-American Development Bank e Fundação Getúlio Vargas, 2021.
BOEING, G.; BATTY, M.; JIANG, S.; SCHWEITZER, L. Urban Analytics: History, Trajectory, and Critique. In: REY, S.; FRANKLIN, R. (Eds.). Handbook of Spatial Analysis in the Social Sciences. Cheltenham, Glos, UK: Edward Elgar, 2020.
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil (1930-1964). Análise Social, Lisboa, v. 29, n. 127, p. 711-32, 1994.
CAIRNEY, P. The Politics of Evidence-based Policy Making. Stirling: University of Stirling, 2016.
CALVILLO, N.; GARDE-HANSEN, J.; LIMA-SILVA, F.; TRAJBER, R.; ALBUQUERQUE, J. P. From Extreme Weather Events to “Cascading Vulnerabilities”: Participatory Flood Research Methodologies in Brazil During Covid-19. Journal of Extreme Events, v. 9, n. 2-3, 2022.
CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Coords.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central; Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos; Pontificia Universidad Javeriana; Instituto Pensar, 2007.
CEM. Centro de Estudos da Metrópole; MCidades. Ministério das Cidades. Assentamentos precários no Brasil urbano. Brasília: MCidades, 2007.
CIESLIK, K.; SHAKYA, P.; UPRETY, M.; DEWULF, A.; RUSSEL, C.; CLARK, J.; DHITAL M. R.; DHAKAL, A. Building Resilience to Chronic Landslide Hazard Through Citizen Science. Front. Earth Sci., v. 7, p. 278, 2019.
CONTAGEM. Lei complementar nº 33, de 26 de dezembro de 2006. Institui o Plano Diretor do município de Contagem e dá outras providências. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/plano-diretor-contagem-mg. Acesso em: 29 mar. 2025.
D’ANDREA, T. Contribuições para a definição dos conceitos periferia e sujeitas e sujeitos periféricos. Novos Estudos Cebrap, v. 39, p. 19-36, 2020.
D’ANDREA, T. A formação das sujeitas e dos sujeitos periféricos: cultura e política na periferia de São Paulo. 1. ed. São Paulo: Dandara Editora, 2022. v. 1.
DENTE, B.; SUBIRATS, J. Decisiones públicas: análisis y estudio de los procesos de decisión en políticas públicas. Barcelona: Editoral Ariel, 2014.
FALS-BORDA, O. The North-South Convergence: A 30-year First-person Assessment of PAR. Action Research, v. 4, n. 3, p. 351-8, 2006.
FALS-BORDA, O. Una sociología sentipensante para América Latina. Buenos Aires: CLACSO; Bogotá: Siglo del Hombre, 2009.
FREIRE, P. Criando métodos de pesquisa alternativa: aprendendo a fazê-la melhor através da ação. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). Repensando a pesquisa participante. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984. p. 34-41.
FREIRE, P. Pedagogia do coração. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
GROSFOGUEL, R. La descolonización de la economía política y los estudios postcoloniales: transmodernidad, pensamiento fronterizo y colonialidad global. Tabula Rasa, v. 4, p. 17-46, ene.-jun. 2006. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=39600402. Acesso em: 23 mar. 2025.
GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 25-49, jan./abr. 2016.
HAKLAY, M. Citizen Science and Volunteered Geographic Information: Overview and Typology of Participation. In: SUI, D.; ELWOOD, S.; GOODCHILD, M. (Eds.). Crowdsourcing Geographic Knowledge. Dordrecht: Springer, 2013. p.105-22.
HEAD, B. W. Reconsidering Evidence-based Policy: Key Issues and Challenges. Policy and Society, v. 29, n. 2, p. 77-94, 2010.
JESUS, C. M. de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2019.
KANDT, J.; BATTY, M. Smart Cities, Big Data and Urban Policy: Towards Urban Analytics for the Long Run. Cities, v. 109, article 102992, 2021. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0264275120313408. Acesso em: 29 mar. 2025.
KOWARICK, L. A espoliação urbana. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
LIMA-SILVA, F.; LOUREIRO, M. R. Capacidades administrativas dos municípios brasileiros e intervenções habitacionais: caracterização dos municípios e desafios analíticos. In: GRIN, E. J.; DEMARCO, D. J.; ABRUCIO, F. L. (Orgs.). Capacidades estatais municipais: o universo desconhecido no federalismo brasileiro. 1. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS/Cegov, 2021, v. 1. p. 1-713.
LIMA-SILVA, F.; MARTINS, M.; TRAJBER, R.; CUNHA, M. A.; ALBUQUERQUE, J. P. de; OLIVEIRA, J. H. Diálogos em contexto de vulnerabilidade: limites e aprendizagens na pesquisa Dados à Prova d’Água. In: SPINK, P.; BURGOS, F.; ALVES, M. A. (Orgs.). Vulnerabilidade(s) e ação pública: concepções, casos e desafios. São Paulo: Programa Gestão Pública e Cidadania, 2022.
MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Coords.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central; Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos; Pontificia Universidad Javeriana; Instituto Pensar, 2007. p. 127-68.
MARICATO, E. (Org.) A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. 2. ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1982.
OLIVEIRA, J. H. P. de. Mobilidade urbana e território: desafios na perspectiva de mulheres da Zona Sul de São Paulo. 2020. 164 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia: Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2020.
PAIN, R. Social Geography: On Action-orientated Research. Progress in Human Geography, v. 27, n. 5, p. 649-57, 2003.
PARKHURST, J. O. Appeals to Evidence for the Resolution of Wicked Problems: The Origins and Mechanisms of Evidentiary Bias. Policy Sciences, v. 49, p. 373-93, 2016.
PEÇANHA, E.; PINTO, K. G. S.; SILVA, R. F. Algumas recomendações dos moradores para a realização de projetos acadêmicos em periferias e favelas. In: SILVA, E. S.; PEÇANHA, É.; GONÇALVES, D. (Orgs.). Censo Vizinhança USP: características domiciliares e socioculturais do Jardim Keralux e da Vila Guaraciaba. 1. ed. São Paulo: IEA-USP, 2021. v. 2. p. 183-4.
PITIDIS, V.; COAFFEE, J.; LIMA-SILVA, F. Advancing Equitable “Resilience Imaginaries” in the Global South through Dialogical Participatory Mapping: Experiences from Informal Communities in Brazil. Cities, v. 150, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.cities.2024.105015. Acesso em: 29 mar. 2025.
REN, X. The Peripheral Turn in Global Urban Studies: Theory, Evidence, Sites. South Asia Multidisciplinary Academic Journal, v. 26, 2021.
ROBINSON, J. Comparative Urbanism: New Geographies and Cultures of Theorizing the Urban. International Journal of Urban and Regional Research, v. 40, n. 1, p. 187-99, 2016.
SANTOS, E. A.; OLIVEIRA, V. E. A pesquisa-ação no planejamento urbano e territorial: o que é, como fazer e uma reflexão sobre a utilização do método. Ponto Urbe, v. 31, 2023.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
SARAIVA, C.; MARQUES, E. Favelas e periferias nos anos 2000. In: KOWARICK, L.; MARQUES, E. (Orgs.). São Paulo: novos percursos e atores – sociedade, cultura e política. São Paulo: Editora 34/CEM, 2011. p. 105-30.
SILVA, M.; CARDOSO, A.; DENALDI, R. Urbanização de favelas no Brasil: trajetórias de políticas municipais. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2022.
STOKER, G.; EVANS, M. Evidence-based Policy Making and Social Science. In: STOKER, G.; EVANS, M. (Eds.). Evidence-based Policy Making in Social Sciences: Methods that Matter. Bristol: Policy Press, 2016.
SYDENSTRICKER-NETO, J. Mapeamentos participativos: pressupostos, valores, instrumentos e perspectivas. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 10, n. 2, p. 73, 2008.
TRAJBER, R.; WALKER, C.; MARCHEZINI, V.; KRAFTL, P.; OLIVATO, D.; HADFIELD-HILL, S.; ZARA, C.; MONTEIRO, S. F. Promoting Climate Change Transformation with Young People in Brazil: Participatory Action Research through a Looping Approach. Action Research, v. 17, n. 1, p. 87-107, 2019.
VALLADARES, L. P. A invenção da favela: do mito de origem a favela.com. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 2005.
VARGAS, A. L. S.; MASSAHUD, A. D.; PORTO, A. A.; XAVIER, G. B.; LIMA-SILVA, F.; ABREU, G. P. de; PITIDIS, V. Dialogical-Participatory Mapping Application: Academic Manual. Coventry: University of Warwick Press, 2022. Disponível em: https://publishing.warwick.ac.uk/index.php/uwp/catalog/view/22/20/81. Acesso em: 29 mar. 2025.
ZALUAR, A.; ALVITO, M. (Orgs.). Um século de favela. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
ZIBECHI, R. Territórios em resistência: cartografia política das periferias urbanas da América Latina. Rio de Janeiro: Consequência Editora, 2015.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Categorías
Licencia

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
1) Los autores que publican en la RBEUR conservan los derechos sobre su obra y otorgan a la revista el derecho de primera publicación, realizada bajo la Licencia Creative Commons Attribution que permite compartir la obra y asegura el reconocimiento de la autoría y del vehículo de publicación original, la RBEUR.
2) Los autores son libres para publicar y distribuir de forma no exclusiva la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo, publicar en repositorio institucional o como capítulo de un libro), reafirmando la autoría y el reconocimiento del vehículo de publicación original, la RBEUR.