Afetos, escrevivências musicais e reposicionamento de imaginário: Sou periferia! Sou periferia!
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202538Palabras clave:
Imagens e Representações da Cidade, Espaço Urbano, Diferenciação Étnico-Racial, Periferia, Afetos, Escrevivências Musicais, SalvadorResumen
O centro e a periferia apresentam diferenças a nível de imaginário. O primeiro é constituído pela ideia de superioridade, beleza, prestígio e ordem, enquanto a segunda é vista de forma contrária, correspondendo a inferioridade, periculosidade, desordem, fealdade etc. Esta ideia encontra-se consubstanciada na esfera dos afetos, contribuindo para que o centro seja alvo de afeição enquanto a periferia de aversão. Textos de canções têm sido um aliado histórico para o reposicionamento de imaginário sobre as periferias, apontando e difundindo potencialidades. Em realidade, são verdadeiras “escrevivências”, termo cunhado por Conceição Evaristo para denominar textos que somam escrita e vivência periférica. Assim, este artigo propõe uma reflexão sobre as periferias soteropolitanas a partir de uma interpretação afetiva de escrevivências musicais, na qual percebe-se compositores negros periféricos que criam discursos próprios para afrontar o centro e lutam por um imaginário respaldado por afetos que refletem respeito e admiração.
Descargas
Citas
BLACKING, J. Música, cultura e experiência. Cadernos de Campo, v. 16, n. 16, p. 201-218, 2007.
CARRETEIRO, T. C. Sofrimentos sociais em debate. Psicologia USP, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 57-72, 2003.
CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
CHAUI, M. de S. Espinosa: uma filosofia da liberdade. São Paulo: Moderna, 1995.
COLLINS, P. H. Pensamento feminista negro: o poder da autodefinição. In: HOLLANDA, H. B. de (Org). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 271-312.
CONTIER, A. D. Edu Lobo e Carlos Lyra: o nacional e o popular na canção de protesto (os anos 60). Revista Brasileira de História, v. 18, n. 35, p. 13-52, 1998.
CORRÊA, R. L. A periferia urbana. Revista GEOSUL, v. 1, n. 2, p. 70-78, jan. 1986.
CUNHA JUNIOR, H. Espaço público, urbanismo e bairros negros. Curitiba: Appris, 2020.
ESPINOSA, B. de. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
EVARISTO, C. Becos da memória. 3. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2018.
FERNANDES, F.; SILVA, J. de S. e; BARBOSA, J. O paradigma da potência e a pedagogia da convivência. Revista Periferias, n. 1, 2018.
FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATTOS. Salvador, cultura do dia: Curuzu, Salvador, 2002. Disponível em: http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area =7&cod_polo=105. Acesso em: 20 nov. 2023.
GILROY, P. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2012.
GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, 1988.
GUERREIRO, G. A trama dos tambores: a música afro-pop de Salvador. São Paulo: Editora 34, 2000.
HIKIJI, R. S. G.; CHALCRAFT, J. Gringos, nômades, pretos: políticas do musicar africano em São Paulo. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 65, n. 2, 2022.
HOOKS, B. Pertencimento: uma cultura do lugar. São Paulo: Elefante, 2022.
JODELET, D. Os processos psicossociais da exclusão. In: SAWAIA, B. (Org.). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Editora Vozes, 2001. p. 53-66.
KILOMBA, G. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LAPLANTINE, F.; TRINDADE, L. O que é imaginário. São Paulo: Editora Brasiliense, 1996.
LORDON, F. A sociedade dos afetos: por um estruturalismo das paixões. Campinas: Papirus, 2015.
MARTINS, A. Café Filosófico: um mundo onde conhecer é criar e afetar-se melhor. Youtube, Percy Reflexão, 24 out. 2014. Palestra realizada no dia 01 de julho de 2011. (Mesa “Café Filosófico”). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=17Lr4vJIDaA. Acesso em: 04 fev. 2023.
MASSEY, D. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
MOURA, N. de S. Atlas “o mundo desde o fim”: como cartografar o sertão?. In: SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO, 15, 2018, Rio de Janeiro. Anais do XV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Rio de Janeiro: SHCU, 2018.
NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. 3. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2016.
OGIEN, A. Uma concepção expandida de periferia. Revista Periferias, n. 2, 2018.
PATROCÍNIO, P. R. T. do. Favela, periferia e subúrbio, territórios da diferença. In: CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC, 15, 2017, Rio de Janeiro. Anais do XV Congresso Internacional ABRALIC. Rio de Janeiro: ABRALIC, 2017.
REN, X. The peripheral turn in global urban studies: theory, evidence, sites. South Asia Multidisciplinary Academic Journal, n. 26, 2021.
SALES, J. M. S. Pode o subalternizado opinar? O desabafo de João do Vale e Zé Kéti no espetáculo teatral e musical Opinião. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 20, 2023, Belém. Anais do XX Encontro Nacional da Anpur. Belém: Anpur, 2023.
SEEGER, A. Etnografia da música. Cadernos de Campo, v. 17, p. 237-59, 1992.
SILVA, J. de S. e; BARBOSA, J. Favela: alegria e dor na cidade. Rio de Janeiro: Senac, 2005.
SILVA, M. V. da. Debaixo do “progréssio”: urbanização, cultura e experiência popular em João Rubinato e outros sambistas paulistanos. 2011. 287f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
SODRÉ, M. O terreiro e a cidade: a forma social negro-brasileira. Petrópolis: Vozes, 1988.
SOUZA, N. S. Tornar-se negro. Ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
WACQUANT, L. Os condenados da cidade: estudos sobre marginalidade avançada. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2001.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Categorías
Licencia

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
1) Los autores que publican en la RBEUR conservan los derechos sobre su obra y otorgan a la revista el derecho de primera publicación, realizada bajo la Licencia Creative Commons Attribution que permite compartir la obra y asegura el reconocimiento de la autoría y del vehículo de publicación original, la RBEUR.
2) Los autores son libres para publicar y distribuir de forma no exclusiva la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo, publicar en repositorio institucional o como capítulo de un libro), reafirmando la autoría y el reconocimiento del vehículo de publicación original, la RBEUR.