Campesinato e neoextrativismo em São Paulo: dinâmicas e conflitos da atividade sucroenergética na região de Ribeirão Preto
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202418ptPalavras-chave:
Agronegócio, Setor Sucroenergético, Impactos Socioambientais, Questão Agrária, Assentamentos RuraisResumo
Esta pesquisa investigou a dinâmica produtiva do agronegócio canavieiro e seus efeitos na reprodução social de grupos camponeses na Região Administrativa de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo, importante território hegemonizado pela cana-de-açúcar e palco de diversos conflitos agrários do estado. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com agentes representativos para o tema em questão, além de visitas de campo e análise de dados secundários. A partir de um paradigma histórico-dialético, o objetivo deste artigo é demonstrar que, na região em questão, se localiza uma intensiva e predatória atividade neoextrativista protagonizada pelo setor sucroenergético que, em sua lógica de produção, desorganiza e dificulta a produção e reprodução social camponesa. As conclusões indicam que, ainda que fora de zonas de fronteira, há severos impactos sobre grupos camponeses locais, resultando em despossessões, concentração fundiária e conflitos de diversas ordens.
Downloads
Referências
ACSELRAD, H. et al. Neoextrativismo e autoritarismo: afinidades eletivas. Revista Antropolítica, n. 53, v. 3, p. 167-194, 2021.
ASSIS, W.F.T. As novas terras do sem-fim: expansão capitalista e acumulação primitiva no Brasil rural. Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 9, n. 17, p. 388-417, 2014. DOI: 10.14393/RCT91723150. Available at: https://seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/23150. Viewed on: August 23, 2023.
ASSIS, W.F.T. No princípio era a terra: a territorialização das lutas agrárias no contexto de expansão da acumulação capitalista na Amazônia. Revista de Antropologia, v. 58, n. 2, p. 288-313, 2015. DOI: 10.11606/2179-0892.ra.2015.108575. Available at: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/108575. Viewed on: August 23, 2023.
AMIN, S.; VERGOPOULOS, K. A questão agrária e o capitalismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
BACCARIN, J. G. A indústria abarca a cana-de-açúcar e corta rente o trabalho volante: mudanças tecnológicas recentes na lavoura canavieira e impactos na ocupação agrícola no estado de São Paulo. 2016. Tese (Livre Docência) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp. Jaboticabal, 2016.
BACCARIN, J. G.; GEBARA, J.J.; BORGES Jr., J.C. Expansão canavieira e ocupação formal em empresas sucroalcooleiras do Centro-Sul do Brasil, entre 2007 e 2009. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 49, n. 2, p. 493-506, 2011. DOI: 10.1590/S0103-20032011000200010.
BENETTI, M.D. A internacionalização recente da indústria de etanol brasileira. Indicadores Econômicos, v. 36, n. 4. Porto Alegre, 2008.
BURCHARDT, H.; DIETZ, K. (Neo-)extractivism – a new challenge for development theory from Latin America. Third World Quarterly, n. 35, v. 3, p. 468-486, 2014.
CARVALHO, J. G. Questão agrária e assentamentos rurais no estado de São Paulo: O caso da região administrativa de Ribeirão Preto. 2011. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Econômico) – Instituto de Economia, Unicamp. Campinas, 2011.
CARVALHO, J. G.; MOLINA, W.S.L.; CUNHA, S. F. Poder econômico e extraeconômico do agro latifundiário no Brasil. Retratos de Assentamentos, v. 24, n. 1, p. 22-43, 2021 DOI: 10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2021.v24i1.467. Available at: https://retratosdeassentamentos.com/index.php/retratos/article/view/467. Viewed on: May 14, 2023.
CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires: Nueva Visión, 1974.
CONTENTE, S. C. O sentido do Neoextrativismo: a relação entre o Estado, a Vale e o desenvolvimento social em Canaã dos Carajás - PA. Revista IDeAS, v. 12, e018005, 2018.
COSTA, G. F. Caracterização do setor sucroalcooleiro na mesorregião de Ribeirão Preto. Biblioteca Virtual ESALQ, 2011. Available at: https://esalqlog.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/2015/05/Caracterizacao-do-Setor-Sucroalcooleiro-na-Mesorregiao-de-Ribeirao-Preto-COSTA-G.-F.pdf
CORRÊA, V. M. De agroindústria à conglomerado financeiro: uma análise da nova dinâmica do setor sucroenergético a partir do caso do Grupo Cosan. TCC (Bacharelado em Ciências Sociais) – Departamento de Ciências Sociais, UFSCar. São Carlos, 2020.
CORRÊA, V. M. O setor sucroenergético enquanto um campo social: uma construção teórica e conceitual a partir da abordagem político-cultural. Revista de Economia e Sociologia Rural, n. 61, v. 4, e262813, 2023. DOI: 10.1590/1806-9479.2022.262813.
DELGADO, G. C. Do Capital Financeiro na Agricultura à Economia do Agronegócio: Mudanças cíclicas em meio século (1965-2012). Porto Alegre: Editora UFRGS, 2012.
DELGADO, G. C. A questão agrária no Brasil, 1950-2003. In: JACCOUD, L. (Org.) Questão social e políticas sociais no Brasil contemporâneo. Brasília: IPEA, p. 51-89, 2005.
DELGADO, G. C.; LEITE, S. P. O agro é tudo? Pacto do agronegócio e reprimarização da economia. Revista Rosa, v. 6, 2022. Disponível em: https://revistarosa.com/6/brasil200/agro-e-tudo.
ESCOBAR, A. Whose Knowledge, Whose Nature? Biodiversity, conservation, and the Political Ecology of Social Movements. Journal of Political Ecology, [s.l.], v. 5, p. 53-82, 1998. DOI:10.2458/v5i1.21397.
ESCOBAR, A. Depois da natureza – passos para uma Ecologia Política antiessencialista. In: PARREIRA, C.; ALIMONDA, H. (Orgs.), Políticas Públicas Ambientais Latino-americanas. Brasilia: Abaré/Flacso, pp. 17-55, 2005.
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE TERRAS DE SÃO PAULO JOSÉ GOMES DA SILVA (ITESP). Portaria 77 de 27 de julho de 2004. Disciplina o plantio de culturas para fins de processamento industrial nos assentamentos estaduais. Available at: https://www.itesp.sp.gov.br/wp-content/uploads/2023/07/portaria_0772004.zip
FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS (SEADE). Ocupação de mão de obra no meio rural. 2023. Available at: https://www.seade.gov.br. Viewed on: May 14, 2023.
GIRARDI, E. P. Proposição teórico-metodológica de uma Cartografia Geográfica Crítica e sua aplicação no desenvolvimento do Atlas da Questão Agrária Brasileira. 2008. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Unesp. Presidente Prudente.
HARVEY, D. O novo imperialismo. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Agropecuário 2017: resultados definitivos. Rio de Janeiro: IBGE, 2019.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Produção Agrícola Municipal. 2022. Disponível em https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pam/tabelas.
LOPES, J. S. L. Sobre processos de “ambientalização” dos conflitos e sobre dilemas da participação. Horizontes antropológicos, Porto Alegre, ano 12, n. 25, p. 31-64, 2006.
LUXEMBURGO, R. A acumulação de capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. Tomo II. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
MARTINS, J. S. O tempo da fronteira. Tempo Social, n. 8, v. 1, p. 25-70, 1996.
PINHEIRO, J. C. Análise da dinâmica das áreas ocupadas pela cultura canavieira no Brasil entre 1990 e 2013: uma contribuição ao estudo do circuito espacial produtivo do setor sucroenergético. 2015. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências, Unicamp. Campinas, 2015.
SANTOS, R. S. P.; MILANEZ, B. Neoextrativismo no Brasil? Uma análise da proposta do novo marco legal da mineração. Revista Pós Ciências Sociais, v. 10, n. 19, p.118-148, 2013. Available at: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/1940.
SHANIN, T. Lições camponesas. In: PAULINO, E. T.; FABRINI, J. E. (Org) Campesinato e territórios em disputa. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
SILVA, C. M; FRANÇA, M. T.; OYAMADA, G. C. O setor sucroalcooleiro brasileiro e a competitividade entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Cadernos de Publicações Univag, n. 7, p. 71-91, 2014. DOI: 10.18312/cadernounivag.v0i7.230.
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO. (SIMA). Etanol Verde: Relatório Preliminar Safra 2016/2017. Governo de São Paulo, 2017. Available at: http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/etanolverde/2017/06/etanol-verde-relatorio-preliminar-safra-16_17-site.pdf
SVAMPA, M. “Consenso de los Commodities” y lenguajes de valoración en América Latina. Nueva Sociedad, v. 244, p. 30-46, 2013.
WELCH, C. A. et al. Camponeses brasileiros: Leituras e interpretações clássicas. São Paulo: Editora Unesp, DF: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, 2009.
YE, J. et al. The incursions of extractivism: moving from dispersed places to global capitalism. Journal of Peasant Studies, v. 47, n. 1, p. 155-183, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores/as que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores/as que publicam na RBEUR mantêm os direitos sobre a sua obra e concedem à revista o direito de primeira publicação, realizada sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho e assevera o reconhecimento da autoria e do veículo de publicação original, a RBEUR.
2. Autores/as têm liberdade para publicação e distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), reafirmando a autoria e o reconhecimento do veículo de publicação original, a RBEUR.