Ex nihilo nihil fit – Cidades novas como infraestruturas territoriais no Brasil e em Portugal

Autores

  • Ricardo Trevisan Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Brasília, Distrito Federal, Brasil https://orcid.org/0000-0002-5591-0349
  • Maria Manuel Lobo Pinto de Oliveira Escola de Arquitetura, Arte, Design - Universidade do Minho. Professora Associada https://orcid.org/0000-0002-1198-7491

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202428pt

Palavras-chave:

História do Planejamento Regional, Capitaloceno, Território, Urbanização, Amazônia, Sines, Ecossistemas

Resumo

Cidades de raiz – não espontâneas – têm em seu passado pré-fundacional elementos decisivos que induziram a sua gênese. A razão de existir e onde se materializar passam necessariamente por decisões de agentes, instituições e conjunturas político-econômico-sociais específicas que direcionam cada um desses empreendimentos. Em alguns casos, as cidades novas implicaram a destruição dos ecossistemas (humanos e naturais) locais e do seu eventual desaparecimento, num quadro em que a espécie humana os encarava apenas como subsidiários (quase sempre supérfluos) para a realização dos seus propósitos colonizadores. Este artigo, decorrente de pesquisa de pós-doutoramento, tem como propósito qualificar cidades novas, aquelas intencionalmente criadas e profissionalmente projetadas, como dispositivos infraestruturais de ativação e urbanização territorial. Mais que produtos-fim de uma dinâmica político-espacial, podem essas cidades ser compreendidas como engrenagens intermediárias a atividades produtivistas e extrativistas? Na busca por resposta, direciona-se a atenção às cidades fundadas no centro-sul amazônico (Brasil) e na região de Sines (Portugal) nos anos 1970, surgidas como resultado do desenvolvimentismo, do autoritarismo estatal, das dinâmicas de capitalização e acumulação e da participação ampliada de setores privados. Guardadas as devidas proporções e diferenças escalares, os processos de ocupação, colonização, infraestruturação e exploração de bens naturais perfazem ambos os territórios, incluindo práticas urbanizadoras predatórias aos ecossistemas locais. Assim, tais cidades tornam-se nosso campo exploratório nesta investigação, conduzida por um olhar histórico, respaldado por consultas a fontes primárias e secundárias e por visitas in loco. Ao entender que “nada nasce do nada”, este estudo qualifica cada cidade nova como representação das condicionantes que levaram a seu nascimento e a seu posicionamento estratégico no sistema capitalista recente.

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Biografia do Autor

Ricardo Trevisan, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Brasília, Distrito Federal, Brasil

Arquiteto e urbanista, formado pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (1998); mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Federal de São Carlos (2003); doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (2009), com estágio doutoral na École d’Architecture Paris-Malaquais (2007-2008) e no Istituto Universitario di Architettura di Venizia (2008), laureado com o prêmio Capes de Teses 2010. Possui pós-doutorados na Columbia University (2014-2015) e na Universidade do Minho (2023-2024). É especialista em Arquivos de Arquitetura pela Universidade Autónoma de Lisboa (2023-2024). Atualmente, é professor associado III no Departamento de Teoria e História da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e em seu Programa de Pós-graduação. Coordena o curso de graduação na mesma instituição. Pesquisador membro do Laboratório de Estudos da Urbe (Labeurbe-FAU/UnB), do grupo de pesquisa Topos – Paisagem, Projeto, Planejamento e do grupo de pesquisa LEU – Laboratório de Experiências Urbanísticas (IAU-USP). Coordenador local do projeto Cronologia do Pensamento Urbanístico. Pesquisador CNPq com o projeto Coimbra Bueno e Cia. Ltda. – Construtora de cidades (Atlas de Cidades Novas no Brasil Republicano) e coordenador do projeto de ensino Habitação Contemporânea: Ensino e Pesquisa. Presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (Anparq) (gestão 2021-2022), Diretor da Anparq (gestão 2019-2020). Coordenador-geral do VI Enanparq [Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo] 2020 (Brasília, DF). Membro da Associação Ibero-americana de História Urbana (AIHU). Autor do site: https://atlascidadesnovas.com.br/.

Maria Manuel Lobo Pinto de Oliveira , Escola de Arquitetura, Arte, Design - Universidade do Minho. Professora Associada

Arquiteta pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1985), é professora associada com agregação na Escola de Arquitetura, Arte e Design | EAAD da Universidade do Minho, onde leciona desde 1997 e se doutorou, com a tese In memoriam, na cidade (2007). Na EAAD, a par com a docência e atividades de gestão, desenvolve projetos de arquitetura e desenho urbano no âmbito do seu Centro de Estudos, que fundou em 2009. Anteriormente, exerceu profissão liberal como arquiteta em ateliê próprio, trabalhou para instituições públicas na área do urbanismo e lecionou no Departamento de Arquitetura da Universidade de Angola e na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, tendo também integrado o seu Centro de Estudos, sob orientação de Nuno Portas. É investigadora integrada no Laboratório de Paisagens, Património e Território | Lab2PT – IN2PAST. Tem participado, entre outros, em projetos centrados no estudo da Arquitetura Moderna produzida em territórios lusófonos e publicado nos campos da história da cidade, do desenho urbano e da intervenção em patrimônio arquitetônico. Recentemente, tem estado envolvida em projetos de investigação relacionados com a reabilitação de espaços públicos e edifícios cujo contexto se revela crítico para a construção da memória urbana coletiva.

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Publicado

30-07-2024

Como Citar

Trevisan, R., & Oliveira , M. M. L. P. de. (2024). Ex nihilo nihil fit – Cidades novas como infraestruturas territoriais no Brasil e em Portugal . Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 26(1). https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202428pt

Edição

Seção

Artigos - Ambiente, Gestão e Desenvolvimento