A ordem urbano-regional na dependência rentista-neoextrativista: o caso do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202512ptPalavras-chave:
Financeirização, Neoextrativismo, Espaço Urbano, Dependência, Rentismo, Urbanização Dependente, Ordem Urbano-RegionalResumo
O objetivo do artigo é dialogar com o clássico debate sobre a urbanização dependente, com base na seguinte pergunta inicial de investigação: Até que ponto, ainda hoje, a ordem urbano-regional brasileira é determinada, entre outros fatores, pelas relações de dependência? Defende-se a hipótese de que a articulação contemporânea entre rentismo e neoextrativismo reforça a situação de dependência do Brasil, abrindo caminho para dinâmicas urbanas diversificadas, vinculadas a processos como a reprimarização, a financeirização e a desindustrialização do país. Trata-se, em termos metodológicos, de resgatar a tradição dos estudos urbanos latino-americanos que buscavam formas mais abrangentes e totalizantes de explicar as relações entre poder, acumulação e produção do espaço, ressaltando, ao fazê-lo, tópicos para uma agenda de pesquisa em torno da “nova urbanização dependente”.
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