Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais pt-BR <p>Autores/as que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:</p> <p>1. Autores/as que publicam na RBEUR mantêm os direitos sobre a sua obra e concedem à revista o direito de primeira publicação, realizada sob a <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/">Licença Creative Commons Attribution</a>&nbsp;que permite o compartilhamento do trabalho e assevera o reconhecimento da autoria e do veículo de publicação original, a RBEUR.</p> <p>2. Autores/as têm liberdade para publicação e distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), reafirmando a autoria e o reconhecimento do veículo de publicação original, a RBEUR.</p> revista@anpur.org.br (Maria Encarnação Beltrão Sposito ) revista@anpur.org.br (Heitor Vianna Moura) Tue, 18 Feb 2025 00:00:00 -0300 OJS 3.3.0.13 http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss 60 A lógica da “conta inversa”: rentabilidade imobiliária e interesse público no projeto urbano PIU Vila Leopoldina-Villa-Lobos em São Paulo https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7747 <h1>Este artigo investiga mudanças nas lógicas que embasam instrumentos urbanísticos que funcionam como políticas habitacionais inclusivas relacionando sua literatura ao estudo de caso do Projeto de Intervenção Urbana Vila Leopoldina-Villa-Lobos (PIU-VL) na cidade de São Paulo. O caso revela uma mudança nos mecanismos de financiamento na qual o modelo tradicional de captura da mais-valia calculada segundo o potencial construtivo disponível na área se transformou em uma “conta inversa” em que o custo da execução das intervenções de interesse público (composto principalmente da habitação) se torna o valor a ser capturado. A conclusão a que se chega é de que a “conta inversa” se aproxima de dinâmicas das parcerias público-privadas, traz riscos de subordinação do interesse público à lógica imobiliário-financeira e está estruturada com base na rentabilidade imobiliária privada como ponto de partida, mas, principalmente, como limitador das intervenções de interesse público, fragilizando compromissos do poder público perante a população afetada.</h1> Isadora Marchi de Almeida, Paula Freire Santoro Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7747 Tue, 18 Feb 2025 00:00:00 -0300 O Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) no financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf): uma análise espacial da atuação do Fundo na trajetória e na distribuição geográfica dos recursos https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7775 <p>O Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) representa a principal fonte de recursos para o financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Nesse sentido, o presente estudo buscou identificar a dimensão efetiva da atuação do FNE-Pronaf, principalmente pela distribuição espacial da massa monetária. A metodologia fundamenta-se em um estudo exploratório com revisão bibliográfica e análise descritiva de dados, mediante técnicas de análise espacial e geoprocessamento. Os resultados indicam que, entre 2002 e 2023, a participação do FNE-Pronaf na quantidade de contratações manteve percentuais estáveis e relevante capilaridade municipal. Em termos de valores, até 2017, ocorreu expansão dessa participação, sobretudo no Semiárido, e, após 2018, registrou-se redução, caracterizada pelo avanço em direção a essa área (das faixas oeste e litorânea). Adicionalmente, a análise espacial bivariada revelou que tal avanço apresenta dois padrões de associação para a localização do FNE-Pronaf e a massa monetária do FNE.</p> Gislaine de Miranda Quaglio, Guilherme Carneiro Leão de Albuquerque Lopes, Cláudia Regina Heck Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7775 Tue, 29 Apr 2025 00:00:00 -0300 Espaços de lazer de natureza e iniquidade racial https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7664 <p>Este estudo teve por objetivo analisar o acesso da população negra de Campinas, com base na distância de moradia, aos equipamentos públicos de lazer na natureza instalados na cidade. Foram utilizados dados oficiais fornecidos pelo município e aqueles relativos ao georreferenciamento da distribuição das Áreas Verdes de Função Social cotejados com os dados raciais do Censo 2010. Por meio do acompanhamento da evolução da morfologia urbana e do aumento do perímetro oficial da cidade, ocorrido como resultado de movimentos migratórios regulares, os quais trouxeram pessoas em busca de melhores condições de vida (em sua maioria negras), conclui-se que Campinas reproduz um modelo de urbanização dispersa, que impacta o acesso aos espaços públicos de lazer já precarizados desde o processo da abolição escravagista.</p> Danilo Ciaco Nunes, Bruno Modesto Silvestre, Sílvia Cristina Franco Amaral Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7664 Tue, 18 Feb 2025 00:00:00 -0300 Colonialismo científico e periódicos brasileiros e latino-americanos: desafios na difusão internacional dos estudos urbanos e regionais https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7763 <p>Os periódicos representam uma das principais formas de validação e difusão de conhecimento nas ciências. A ciência, no entanto, não é neutra, pois há uma complexa engrenagem acadêmica e mercadológica de produção de artigos que influencia o funcionamento da rede de conhecimento, citações e métricas de impacto. Este artigo aborda questões relacionadas às mudanças na qualificação dos periódicos brasileiros e latino-americanos ante os grandes indexadores editoriais. Foi realizada uma análise comparativa dos posicionamentos dos periódicos em Planejamento Urbano e Regional/Demografia (PURD)do Qualis (quadriênio 2013-2016 e Único de 2020), cujas variáveis incluem o posicionamento no Qualis, indexadores cadastrados e métricas de impacto. Os resultados apontam um alinhamento do método de classificação da Capes com critérios de grandes indexadores editoriais e o modo como essas mudanças se aproximam da lógica de publicação e priorização de alto impacto presente nas Ciências Exatas e Biológicas. Por fim, discutem-se os efeitos que essa abordagem pode trazer para o cenário de difusão científica em Planejamento Urbano e Regional.</p> Fernanda Cantarim, Rodrigo José Firmino, Manoela Massuchetto Jazar Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7763 Tue, 11 Mar 2025 00:00:00 -0300 Deus ex machina ou Cavalo de Troia? Considerações sobre quatro décadas de smart cities https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7752 <p>O apelo por <em>smart cities </em>vem ganhando importância nas cidades em todo o mundo há aproximadamente quatro décadas. Os estudos urbanos no Brasil pouco têm se dedicado a compreender as implicações desse processo de uma perspectiva crítica. O presente artigo parte de uma perspectiva cética sobre a capacidade das <em>smart cities </em>de se constituírem como respostas aos desafios urbanos, revelando as principais formas e conteúdos que elas assumiram ao longo de suas trajetórias marcadas por transformações, que se iniciam no contexto pós-crise do capitalismo fordista e têm seu estágio mais atual no contexto capitalista de plataforma, condicionando diferentes elementos no espaço urbano. O presente artigo investiga as principais definições de <em>smart city</em> propostas por diferentes agentes, buscando também desvendar seu conteúdo político-econômico. A conclusão é de que, apesar de aparentar ser mecanismo importante de melhoria da qualidade de vida, contraditoriamente elas apresentam potencial de aprofundar as desigualdades sócio-espaciais.</p> Lucas Pinto Seixas, Lindon Fonseca Matias Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7752 Fri, 11 Apr 2025 00:00:00 -0300 Biorregião urbana: o percurso conceitual e projetual nos textos de Alberto Magnaghi https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7777 <p>Inserido nas discussões acerca da urbanização contemporânea, na crítica ao modelo centro-periferia (manifestado na forma-metrópole) e no debate referente aos problemas ambientais da atualidade, Alberto Magnaghi (1941-2023) propõe uma mudança de paradigma, substituindo as regras geradoras da urbanização contemporânea por outras geradoras da biorregião urbana. Por meio de análise das obras seminais do autor italiano, este artigo objetiva apresentar a construção do conceito de biorregião urbana, em seu sentido teórico e prático, evidenciando sua importância na abordagem ecoterritorialista, e propor um modelo de representação figurativa do conceito. Assim, destaca-se o caráter unificador da biorregião urbana, ao colocar o Ser Humano e a Natureza no mesmo nível de importância, bem como a ambição da proposta, que subverte lógicas econômicas, políticas, produtivas e habitacionais. Ainda, o trabalho propõe a adoção de unidades biorregionais mínimas para a identificação de biorregiões urbanas e ressalta o aspecto reflexivo, complexo e relacional do conceito por meio de um modelo representacional figurativo.</p> Thaís Souza Pimentel, Renata Hermanny de Almeida Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7777 Sun, 27 Apr 2025 00:00:00 -0300 Rios que lavam memórias: as lavadeiras de Vitória da Conquista no processo de expansão urbana https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7693 <p>Este artigo aborda a memória relacionada ao acesso à água na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia, sob a ótica das lavadeiras residentes na comunidade do Conquistinha que dependem das águas do trecho urbano do rio Verruga. Com o avanço da urbanização, elas têm enfrentado dificuldades para permanecer em suas comunidades em razão da escassez de água e da valorização do solo. O texto explora o significado das intervenções realizadas pelo poder público no trecho urbano do rio e o modo como afetaram a relação entre a população ribeirinha e a cidade em crescimento. Utilizando a história oral como método, analisam-se os depoimentos de duas lavadeiras, colhidos no ano de 2020, contrapondo-os a fontes documentais. Os resultados revelam uma mudança na percepção da cidade e dos ecossistemas naturais por parte das entrevistadas, com impactos significativos na vida cotidiana dessa população.</p> Luisa Prazeres Vasconcelos, Felipe Eduardo Ferreira Marta Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7693 Tue, 29 Apr 2025 00:00:00 -0300 Globalização, neoliberalismo e competitividade regional: notas para discussão https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7773 <p>O artigo propõe discutir o conceito de competitividade em sua dimensão geográfica com base em uma abordagem crítica, a fim de demonstrar como o discurso e a prática de políticas de planejamento para o alcance da competitividade dos países e dos subespaços nacionais (regiões, territórios, lugares, cidades) estão atrelados aos imperativos do período atual da globalização neoliberal. Dado que as condições locais e regionais têm sido cada vez mais decisivas para a produção, a circulação e a comercialização eficientes dos agentes hegemônicos, a inserção competitiva de bens e serviços nos mercados internacionais depende fundamentalmente das capacidades do espaço em gerar alta produtividade e fluidez. Contudo, a busca incessante por competitividade a todo custo provoca impactos social, econômica e ambientalmente perversos, como o que se observa nas regiões produtivas de países periféricos especializados em <em>commodities</em>. Tudo isso tem acentuado a “guerra dos lugares”, o desenvolvimento geográfico desigual e a vulnerabilidade territorial.</p> Ricardo Castillo, Henrique Faria dos Santos Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7773 Thu, 13 Mar 2025 00:00:00 -0300 A ordem urbano-regional na dependência rentista-neoextrativista: o caso do Brasil https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7754 <p>O objetivo do artigo é dialogar com o clássico debate sobre a urbanização dependente, com base na seguinte pergunta inicial de investigação: Até que ponto, ainda hoje, a ordem urbano-regional brasileira é determinada, entre outros fatores, pelas relações de dependência? Defende-se a hipótese de que a articulação contemporânea entre rentismo e neoextrativismo reforça a situação de dependência do Brasil, abrindo caminho para dinâmicas urbanas diversificadas, vinculadas a processos como a reprimarização, a financeirização e a desindustrialização do país. Trata-se, em termos metodológicos, de resgatar a tradição dos estudos urbanos latino-americanos que buscavam formas mais abrangentes e totalizantes de explicar as relações entre poder, acumulação e produção do espaço, ressaltando, ao fazê-lo, tópicos para uma agenda de pesquisa em torno da “nova urbanização dependente”.</p> Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, Nelson Diniz Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7754 Wed, 12 Mar 2025 00:00:00 -0300 Finanças, habitação e cidade: notas sobre as transformações recentes no circuito financeiro-imobiliário espanhol https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7671 <p>Este artigo analisa transformações recentes no circuito financeiro-imobiliário espanhol. Defendemos a hipótese de que a atividade econômica se reorganizou, no contexto pós-crise (2007-08), em função de novas lógicas e dinâmicas da acumulação financeira, protagonizadas pela entrada e pela atuação de fundos de investimento imobiliário internacionais nas grandes cidades do país, amparadas por mudanças no marco regulatório das finanças e da legislação urbanística. As evidências apontam para um aprofundamento no tratamento da habitação social como se fosse um ativo financeiro, resultando no despejo de centenas de moradores e na transformação da paisagem construída e da vida urbana.</p> Bruno Pereira Reis, Mariana Fix Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7671 Sun, 27 Apr 2025 00:00:00 -0300 Territórios periféricos e as geografias da reprodução social crítica: heterogeneidade de práticas na urbanização periférica https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7688 <p><span style="font-weight: 400;">A partir de pesquisa de natureza etnográfica realizada em uma periferia metropolitana de Belo Horizonte, este texto investiga as geografias da reprodução social crítica produzidas por sujeitos periféricos de modo a garantir sua sobrevivência em meio à crise. Explora-se a diversidade de práticas a partir de relatos de histórias da área estudada, atentando-se para as estratégias de reprodução social e as espacialidades produzidas. Trata-se de estratégias para sobreviver nas adversidades acumuladas no contexto da crise contemporânea. O argumento baseia-se no diagnóstico de uma profunda transformação nos territórios periféricos e busca evidenciar a complexidade das práticas sociais que estão envolvidas na dinâmica da urbanização periférica, evidenciando a heterogeneidade desta realidade.</span></p> Thiago Canettieri Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7688 Tue, 18 Feb 2025 00:00:00 -0300 Fragmentação socioespacial e novas periferias em cidades médias do semiárido brasileiro: Mossoró (RN) e Sobral (CE) https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7721 <p>O artigo tem por objetivo fazer uma análise comparativa do processo de fragmentação socioespacial em duas cidades médias do Semiárido Brasileiro – Mossoró (RN) e Sobral (CE) – que coteja semelhanças e diferenças no que concerne ao porte demográfico, às funções interurbanas em suas respectivas redes e, fundamentalmente, aos seus <em>habitats </em>periféricos. Ambas se localizam na região Nordeste, fundada na grande propriedade rural e influenciada por condicionantes do clima semiárido predominante no domínio morfoclimático da Caatinga. Guardam, ao mesmo tempo, diferenças históricas quanto a sua situação geográfica, estruturação espacial, aspectos sociais, culturais e economias regionais. Essas cidades desvelam particularidades que, em análise comparativa, apresentam aspectos centrais ao processo de estruturação urbana e de fragmentação socioespacial. Esta última é tratada aqui como um processo multiescalar que tem sido sistematicamente aprofundado pelas políticas habitacionais, seja pela persistência das favelas e comunidades urbanas ou pelas estratégias do mercado imobiliário, cujos agentes promovem espaços residenciais fechados exclusivos, quase sempre associados a uma ideia de morar nas proximidades de locais de consumo para as altas rendas, em áreas aprazíveis e relativamente “afastadas” de locais “indesejados” da cidade, frequentemente atreladas à negação da própria cidade e de suas relações socioambientais. Este artigo, portanto, tematiza a fragmentação socioespacial e seus aspectos fundantes, tomando como base a dimensão do habitar e a atuação dos agentes econômicos produtores do espaço residencial urbano nas novas áreas periféricas.</p> Wagner Vinícius Amorin, Cláudio Smalley Soares Pereira, Cleiton Ferreira da Silva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7721 Fri, 11 Apr 2025 00:00:00 -0300 Drogas, moral e “hiperperiferias centrais” sob a lógica socioespacial fragmentária em São Paulo (Brasil) e Bogotá (Colômbia) https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7683 <p>A partir da análise de espaços centrais que concentram consumo de drogas ilícitas nas cidades de São Paulo (Brasil) e de Bogotá (Colômbia), este artigo tem o objetivo de propor novas perspectivas sobre a relação centro-periferia, levando em conta o impacto do dispositivo das drogas e da moral a ele associada. Como procedimentos metodológicos, utilizaram-se observações de campo, pesquisa documental e revisão bibliográfica na interface entre o conceito de periferia e os espaços estudados. A identificação de códigos compartilhados e conteúdos semelhantes entre a periferia e o centro problematiza a tradicional oposição centro-periferia, evidenciando a complexidade da atual realidade urbana latino-americana e a necessidade de atualizar os conceitos disponíveis para compreendê-la. Aproximar as realidades de São Paulo e Bogotá permitiu lançar a hipótese de que a moral associada à ilegalidade pode intensificar processos de fragmentação socioespacial, resultando em “hiperperiferias centrais”, enclaves com conteúdo “periférico” em pleno centro.</p> Thiago Godoi Calil, Eda Maria Góes Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7683 Fri, 11 Apr 2025 00:00:00 -0300 Consumo alimentar na periferia da metrópole em fragmentação: diferenças e desigualdades em São Paulo (SP) https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7704 <p>Analisam-se, neste artigo, desigualdades e diferenças concernentes ao consumo alimentar na metrópole de São Paulo, considerando a lógica socioespacial fragmentária como marco teórico. Focalizando os territórios de Cidade Tiradentes e Pinheiros, considera-se a distribuição desigual de alimentos frescos e minimamente processados em relação às práticas cotidianas de consumo. A pesquisa, de caráter qualiquantitativo e cartográfico, evidencia que a expansão de redes supermercadistas na periferia, embora intensifique a policentralidade, não mitiga a insegurança alimentar, perpetuando a predominância de alimentos ultraprocessados. Observa-se uma maior quantidade, diversidade e qualidade dos estabelecimentos em Pinheiros, enquanto em Cidade Tiradentes há a dependência de formatos como atacarejos, bem como características de desertos alimentares. As narrativas dos citadinos demonstram como renda, mobilidade e situação geográfica impactam as escolhas alimentares, reforçando as disparidades socioespaciais. Conclui-se que há urgência de políticas públicas que promovam equidade no acesso a alimentos saudáveis, integrando a segurança alimentar ao direito à cidade, destacadamente no atual contexto do processo de fragmentação socioespacial.</p> <p><strong> </strong></p> Sara Rebello Tavares, Gustavo Nagib , Maciej John Wojciechowski Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7704 Wed, 12 Mar 2025 00:00:00 -0300 Favela-metrópole: a crise do urbanismo e a centralidade das periferias https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7670 <p>As metrópoles do sul global são constituintes da crise que se instaurou com a chegada do Antropoceno. As periferias e favelas dessas megacidades apontam para uma nova possibilidade de pensar a geografia global. O presente artigo articula conceitos de território, poder e informalidade a fim de evidenciar um conflito latente de racionalidades que seria capaz de rever os mecanismos de planejamento e estudos urbanos. Este trabalho opta por um percurso exploratório, onde as incertezas são valorizadas como processo de reflexão. Ele apresenta pontos e conceitos que se entrecruzam e se misturam num emaranhado à luz da ideia de um urbanismo do Sul e das experiências propostas por coletivos e organizações oriundas do Conjunto de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro.</p> Gilberto Vieira da Cruz Junior, Rodrigo José Firmino, Rafael Matta Carnasciali Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7670 Sun, 13 Apr 2025 00:00:00 -0300 Periferias como lugares de (re)existência das mulheres: do corpo à cidade https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7728 <p>O artigo trata de como mulheres moradoras das periferias empobrecidas e menos providas de serviços públicos de apoio ao trabalho de cuidado desenvolvem suas (re)existências cotidianas diante dos processos de espoliação impostos aos seus corpos pela vulnerabilidade socioeconômica e pela política pública habitacional. A pesquisa enfatiza a intersecção entre gênero, raça e classe no acesso ao direito à cidade e na construção do espaço urbano, destacando as formas como essas mulheres atuam para atenuar os efeitos do trabalho precarizado, da subtração de direitos básicos, da sobrecarga do trabalho de cuidados e da habitação em lugares segregados socioespacialmente. É abordado o modo paradoxal de como a política pública habitacional se comporta como meio de acesso à moradia e, ao mesmo tempo, como mais um mecanismo de controle dos corpos femininos nos territórios, restringindo sua autonomia e mobilidade nas cidades. O estudo se aproxima da abordagem etnográfica, contando com a observação participante, as caminhadas pelo bairro, a roda de conversa entre mulheres e os cadernos de campo como procedimentos metodológicos para melhor compreender as formas cotidianas de (re)existir e fazer a cidade das moradoras do Residencial Viver Bem, na periferia sul de Santa Cruz do Sul (RS). São abordadas, ainda, as maneiras como essas mulheres constroem redes de ajuda entre si como estratégia de sobrevivência, desafiando a lógica disciplinadora do Estado. A análise se dá sob perspectivas feministas e decoloniais sobre as cidades e o espaço urbano, trazendo uma crítica à noção universalista do direito à cidade, defendendo a importância de reconhecer os modos plurais de habitar. O artigo leva à reflexão sobre como as cidades devem ser pensadas a partir da materialidade dos corpos nos territórios em que habitam, por meio do conhecimento das suas experiências concretas, superando abordagens normativas que perpetuam desigualdades.</p> Tuize S. Rovere Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7728 Fri, 11 Apr 2025 00:00:00 -0300 Jovens empreendedores e utopias periféricas na zona sul de São Paulo https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7656 <p style="font-weight: 400;">Baseado em uma etnografia que acompanha a trajetória de quatro jovens da periferia da zona sul de São Paulo, este artigo investiga a forma como o empreendedorismo se desenvolve como a outra face da cultura periférica. Entendido como forma cultural utópica do trabalho por conta própria, defendemos que o empreendedorismo desloca horizontes de expectativa que eram identificados anteriormente como preponderantes entre os moradores da periferia – um emprego com carteira assinada e a participação política. O artigo conclui que, ao não se verem mais representados no mercado de trabalho e nas organizações de esquerda, esses jovens se apoiam na utopia do empreendedorismo para dar respostas tanto aos seus dilemas individuais quanto, coletivamente, ao seu projeto de autonomia periférica.</p> Henrique Costa, Sue A. S. Iamamoto Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7656 Wed, 12 Mar 2025 00:00:00 -0300 Narrativas periféricas e etnografias urbanas: a ótica cotidiana dos sujeitos sobre as experiências urbanas https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7684 <p>Utilizamos elementos de etnografia urbana e pesquisa-ação para examinar práticas socioespaciais e experiências urbanas a partir de uma perspectiva periférica. O estudo, realizado nos distritos de Cidade Tiradentes e São Mateus, na cidade de São Paulo, avaliou percursos urbanos acompanhados e narrativas de moradores que, associadas às vivências da pesquisadora, desvelaram uma condição periférica singular, cindida e reveladora da fragmentação socioespacial.</p> Karina Malachias Domingos dos Santos, Arthur Magon Whitacker Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7684 Mon, 28 Apr 2025 00:00:00 -0300 Dispositivos de segurança e medidas segregadoras que propiciam homogeneidades e heterogeneidades na sub-região oeste da RMSP https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7719 <p>Pela perspectiva dos dispositivos de segurança e medidas segregadoras, num gradiente das populações de baixa, média e alta renda e em construções de baixo, normal e alto padrão construtivo, apresentam-se, com o uso da ferramenta Street View e a interação com os dados visuais por meio de <em>hyperlinks</em> e <em>QR Codes</em>, exemplos de segregação socioespacial em territórios periféricos na sub-região oeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Pretende-se expor, em uma instância mais individual – na escala do corpo humano e no nível do pedestre –, como medidas segregadoras materializadas no espaço urbano se relacionam com homogeneidades e heterogeneidades que coabitam territórios periféricos, a própria conformação urbana, suas interações sociais e processos de formação. Utilizando dados estatísticos sobre vitimização embasados por referências da Antropologia e da Sociologia, analisando situações contrastantes nas vias de acesso de unidades habitacionais até enormes empreendimentos imobiliários, evidencia-se como medidas individualistas influem, de diferentes maneiras, no desenho da cidade e no dia a dia da população.</p> Luiz Gonzaga Philippi Filho, Adriana Marques Rossetto Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7719 Tue, 29 Apr 2025 00:00:00 -0300 Dar nome aos bois: um ensaio sobre categorias nativas e suas implicações políticas https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7697 <p>O presente artigo parte de inquietação inicial centrada na nomeação dos territórios periféricos e suas dimensões políticas e/ou despolitizantes, em um processo diretamente ligado ao repertório e às categorias (teóricas e políticas) mobilizados para sua compreensão. A partir disso, buscamos elaborar e desdobrar algumas consequências da adoção da categoria “ocupação” para identificar territórios periféricos em São Paulo, considerando o contexto de disputa política, ideológica e econômica entre diferentes atores, como Estado – presente sob a forma de institucionalidade, poder de polícia, parlamentares e leis, o que produz diferentes efeitos nos territórios –, matrizes religiosas distintas, grupos que operam mercados ilícitos, movimentos sociais, organizações não governamentais, empresas privadas do mercado formal, moradores e universidades nacionais e internacionais, entre outros. A partir de pesquisa empírica realizada no distrito do Grajaú, zona sul da cidade de São Paulo, interessa-nos sobretudo pôr em xeque as formas de adoção acrítica de categorias à primeira vista nativas; defendemos, no caso estudado, o uso da categoria “favela” a partir de uma perspectiva dissensual, incidindo sobre o sensível, conferindo-lhe outras nomeações e disputando sentidos instrumentalizados por uma suposta ação virtuosa.</p> <p><span style="font-weight: 400;">A partir de pesquisa empírica realizada no distrito do Grajaú, Zona Sul da cidade de São Paulo, defendemos o uso da categoria favela a partir de uma perspectiva dissensual, incidindo sobre o sensível e conferindo-lhe outras nomeações e disputando sentidos instrumentalizados por uma suposta ação virtuosa.</span></p> Ana Luiza Vieira Gonçalves, Cibele Saliba Rizek Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://rbeur.emnuvens.com.br/rbeur/article/view/7697 Tue, 18 Feb 2025 00:00:00 -0300